Ontem assisti a um filme muito interessante e precisava vir aqui comentar sobre ele.  Gosto de assistir e ler sobre o holocausto, guerras e sistemas totalitários, e, desta vez, assisti a um filme diferenciado: como vários filmes, este também é baseado em um diário, mas, desta vez, é de uma mulher alemã. E ela não estava escondendo um judeu em sua casa ou coisa do tipo. Ela simplesmente morava em Berlim e decidiu escrever um diário quando os russos ocuparam a cidade, no final da Segunda Guerra, para relatar a vida miserável que levava e os repetidos estupros que precisava suportar.

Esta mulher, sem nome, escreve sobre todos os momentos de convivência forçada com os russos, as dificuldades para arranjar comida, o medo interminável de Hitler ter “esquecido” de Berlim, e a violência sexual que ela, e outras alemãs, jovens e idosas, sofriam. É um filme forte, que não recomendo para menores de idade ou pessoas frágeis; apesar de não possuir cenas explícitas, eu o considero pesado por causa do seu conteúdo. São mulheres, casadas, esperando os maridos voltarem da guerra e que são estupradas inúmeras vezes por pessoas diferentes simplesmente para agrado dos soldados. A nossa protagonista decide tentar se adaptar à situação e acaba se envolvendo com um oficial russo de alto escalão para “garantir” proteção a ela.

Os russos, literalmente, transformaram Berlim em um bordel, e o respeito, não só pelas mulheres, mas pelos homens que, muitas vezes, já haviam voltado para suas casas, era inexistente. As mulheres sabem que, ao perderem a guerra, elas viraram “propriedade dos russos”, ou seja, elas possuem consciência das atrocidades que o exército russo pode fazer. Não sei se é de conhecimento geral, mas a violação de mulheres do povo inimigo não era considerado um crime de guerra para os russos (e nem para os americanos).

O filme é baseado em um livro homônimo, lançado em 1959, e, na época de seu lançamento, não foi bem aceito pelos alemães, gerando um escândalo enorme por causa do seu conteúdo. Acredito eu que ninguém queria lembrar de tanta vergonha e humilhação sofrida. Muitas das mulheres conversavam com a protagonista e afirmavam que nunca iriam contar para seus maridos, para que eles não sentissem nojo delas.

 Os comentários da época do lançamento do livro na Alemanha eram de que este era um insulto às mulheres alemãs. A autora do diário não entendeu tamanha rejeição e acabou proibindo publicações posteriores enquanto ainda estivesse viva. Segundo os créditos do filme, a autora já faleceu porém ainda não se sabe qual é o seu verdadeiro nome.

Eu gostei bastante de conhecer a história desta mulher, e de tantas outras que ela compartilhou conosco, e de saber um pouco mais sobre os tempos de guerra. Acredito que seja um bom filme para quem gosta da temática. Tive certa dificuldade em encontra-lo, portanto creio que não seja muito conhecido no Brasil, mas valeu a pena a procura. Este filme é muito rico e tenho certeza que não deixará ninguém indiferente quanto as situações sofridas por estas mulheres.

“Wie oft?”, ou “Com que frequência?” se converteu em uma das frases mais ouvidas e entendidas na capital alemã, mas seu significado ia mais longe e implicava uma dor quase impossível de explicar: “Quantas vezes você foi estuprada por soldados russos?”.

Vocês encontram o trailer legendado em inglês AQUI


2 Comentários

  1. Nossa que triste! Também sempre leio sobre esse período da história e as astrosidades são enormes de todos os lados. Nunca havia parado para pensar sobre o que poderia ter acontecido com as mulheres que ficaram enquanto seus maridos foram lutar na guerra, mas é bom que esses livros sejam publicados e filmes sejam feitos só assim não esqueceremos tudo que aconteceu há tão pouco tempo! Linda resenha!
    Beijos
    Isadora

    www.novoromance.com.br

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  2. Oi Alana, tudo bem? Caramba, esse filme deve ser bem forte. Eu admito que sou bem manteiga derretida quando a questão são filmes/livros sobre alguma guerra, realmente não consigo não me comover. O último desse estilo que assisti foi O Pianista, fiquei tão mal que não sei se tô pronta pra assistir outro. Essa questão da frase "Wie oft?" foi bem impactante, estava lendo a resenha numa boa e no final fiquei com aquela eterna reação de OMG :( De qualquer forma, tentarei dar uma chance para o filme. O assunto é meio desagradável, porém real e necessário..
    Tenha uma ótima semana! Beijos :-)

    www.artigo2.com.br

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